Helton Lúcio da Silva Soares
publicado em 16/12/2016
Logística integrada no e-commerce. O que uma operação de fulfillment tem a ver comigo?
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ABR
Por Helton Lúcio da Silva Soares*
Imagine você realizando uma compra de um par de sapatos pelo seu smartphone enquanto almoça no trabalho e, ao chegar em casa no final do dia, o produto já estar lá, te esperando.
Agora, imagine outra cena: você trabalha em um emprego qualquer e resolve vender produtos na internet por meio de alguns marketplaces. Com facilidade, você administra tudo isso e melhor ainda passa a ter uma renda extra. Detalhe: você não precisa colocar a mão em nada! Com apenas alguns cliques diários, você gerencia suas campanhas de marketing digital e executa comandos de compra de mercadorias. Todo o restante da logística é terceirizado, desde a armazenagem, gestão do estoque, preparação, envio dos pedidos de venda até a distribuição e o pós-venda, tanto para a mais distante cidade no Brasil, como para outros países.
Parece utopia, mas o mercado está caminhando para que esta realidade possa se tornar mais frequente na vida de muitos brasileiros, tanto para quem compra como para quem vende na internet. O crescimento das vendas on-line e principalmente a adequação da loja virtual aos dispositivos móveis tem influenciado a expansão do comércio eletrônico e a maneira como ele tem se organizado.
Mas o que já está bom pode ficar ainda melhor. Segundo dados, o frete representa 62,6% dos custos logísticos do comércio eletrônico, enquanto armazenagem fica com 19,9% e a preparação com 17,5% dessa representatividade. Assim, as etapas de “order fulfillment” ou “atendimento de pedidos e preparação” oneram a logística do e-commerce e a preocupação que era voltada somente para a etapa de distribuição, agora é alimentada também pelas etapas iniciais que compreendem o processo de pedido, gestão do estoque, a coordenação dos fornecedores, separação, embalagem das mercadorias e expedição. Esta etapa tem consumido tempo e gerado custos significativos na logística do comércio eletrônico.
Com relação ao tempo de atendimento, há pequenas e médias lojas virtuais que, ao sofrer com a troca de funcionários, má gestão do estoque e falta de planejamento, gastam um tempo médio de atendimento maior ou igual ao tempo gasto para entregar a mercadoria vendida ao cliente.
Estas pequenas empresas no Brasil são impactadas diretamente pelos custos logísticos, seja na distribuição e entrega, como também na armazenagem e na preparação dos pedidos. Além disso, as margens de lucro no e-commerce são muito baixas e a logística representa um relevante componente de custo nas suas operações, como vimos com os dados acima. Para as pequenas e médias lojas virtuais, lucratividade e redução de custo são fatores primordiais para sua sobrevivência e estabilidade no mercado. Dessa forma, o fulfillment pode ser a atividade mais onerosa e crítica para o e-commerce, de modo que a empresa que realizá-lo de forma mais eficaz, em termos de custo e nível de serviço, poderá sair na frente.
Os benefícios da terceirização no e-commerce
Juntamente com a tendência do surgimento de novos marketplaces segmentados por nichos de mercado, os fulfillment centers têm ganhado força no mercado nacional. No Brasil, os Correios, que atualmente entregam quase 1 milhão de encomendas/dia, sendo que 71% desse volume é originado do e-commerce, inauguraram, em setembro deste ano, seu novo centro de logística integrada voltado para o comércio eletrônico, com preços de armazenagem e atendimento de pedidos surpreendentemente baixos.
A estatal ainda oferece aos clientes que aderirem à terceirização embalagem gratuita e melhores tabelas de distribuição, tanto para as modalidades expressas como para os envios não urgentes. De quebra, a loja virtual tem acesso ao mesmo sistema de gestão de estoque, o WMS, que os maiores players do comércio eletrônico utilizam.
As lojas virtuais perceberam que, além de terceirizar a distribuição e entrega dos produtos vendidos, é extremamente necessário pensar no tempo de atendimento e na redução dos custos com armazenagem e preparação dos objetos. A terceirização destes processos pode ser um dos fatores chaves de sucesso para garantir a sobrevivência destas pequenas e médias lojas virtuais no mercado.
A diferença está na inteligência logística do operador de fulfillment em ofertar uma solução integrada, capaz de armazenar e controlar todo o estoque, atender e preparar os pedidos, independente de qual canal ou site forem vendidos, e realizar a entrega ao cliente final, onde quer que ele esteja, no Brasil ou no mundo, disponibilizando as informações de todo esse processo. Tudo dentro do prazo combinado e no menor custo possível.
Tal realidade gera uma grande queda nos custos de inventário de estoques, pois não é mais necessário ter uma ampla rede local repleta da mercadoria estocada. Você só precisa ter um centro de distribuição integrado e eficiente, com a melhor tecnologia para separação de pedidos sem erros, e uma rede de distribuição que responda a esta nova geração de clientes em constante crescimento, desde o João, que está no Oiapoque, no estado do Amapá, até a Maria, que mora no Chuí, no Rio Grande do Sul.
Armazéns integrados em diversas partes do país, sistemas tecnológicos que gerenciam tudo e disparam comandos automáticos, trocando operações manuais por informação on-line para quem vende e para quem compra. Esses são alguns dos inúmeros avanços que o 10º maior mercado de vendas online do mundo ainda irá descobrir, percorrer e desfrutar nos próximos anos. Concluímos que, mesmo com todo o crescimento já alcançado pelo comércio eletrônico brasileiro, o céu ainda continua sendo o limite para as empresas que vendem pela internet.
*Autor: Helton Lúcio da Silva Soares é publicitário, especialista em comunicação digital e marketing logístico e analista de marketing logístico dos Correios
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